agosto 06, 2008

Fraga e Mendes à Agencia Lusa


Pequim2008: Remo - Federação impõe a Fraga e Mendes o DTN que os excluiu da selecção

Shunyi, China, 06 Ago (Lusa) - Pedro Fraga e Nuno Mendes, que acabaram com uma ausência de 12 anos do remo português em Jogos Olímpicos, foram obrigados a ir para Pequim2008 com José Santos, o Director Técnico Nacional (DTN) responsável pela sua exclusão por duas vezes da selecção.

A insólita situação contraria “completamente” a vontade dos atletas vice-campeões do mundo sub-23 em 2004 e 2005, que tudo fizeram para que fosse um dos seus três treinadores a acompanhá-los, esbarrando na intransigência da federação, bem como na inépcia do Comité Olímpico de Portugal: “estamos aqui sós, por nossa conta”.

“Quando soubemos que não vinha qualquer dos nossos treinadores, ficámos desorientados, mas somos fortes e ao longo do estágio de preparação para os Jogos fomo-nos mentalizando que ia ser assim e estamos preparados para sobreviver sozinhos”, resumiu Pedro Fraga, em declarações à Lusa.

O afastamento da selecção foi lamentado: “Explicaram a nossa exclusão com o facto de não trabalharmos com a equipa nacional - não o fizemos porque víamos que era uma casa que ia ruir - e que não nos enquadrávamos no grupo, com a filosofia de trabalho deles”.

“Nos mundiais de 2007 falhámos o apuramento por apenas dois lugares. Excluíram-nos logo aí da selecção e nem nos levaram aos europeus, onde tínhamos boas hipóteses. Nem apostaram em nós para a qualificação deste ano”, recorda. A Lusa falou com o DTN, que justificou a sua presença em Pequim com o facto da pré-acreditação já ter sido feita há algum tempo em seu nome e não ser possível alterá-la, considerando ainda que “nesta altura não faz sentido falar das divergências passadas”.

“Houve sensibilidades diferentes de entendimento em relação ao que é um projecto nacional. Entendíamos um processo nacional de uma outra forma, com perspectivas distintas. Mas agora o importante é haver estabilidade para que tudo corra bem na competição”, explicou.

Nuno Mendes revela que a dupla trouxe para a China um plano de treinos elaborado pelos seus treinadores, que nas provas internacionais em que a federação é representada nem conseguem credenciais - “temos de conversar num bar exterior” - mas considera que isso é insuficiente.

“E se as coisas correm mal? E se a estratégia falha? Quem nos auxilia? Estamos sós…”, lamentou.

Nuno Mendes falou da mágoa do double-scull ligeiro: “Como queríamos ser acompanhados pelos nossos técnicos, tentámos falar desta situação com Vicente Moura (presidente do COP), mas não conseguimos passar a sua secretária. O COP sabe das coisas, mas não fez nada. Os atletas são a alma do espírito olímpico, mas parece que somos quem menos conta”.

Jorge Cardoso é o treinador de sempre no Sport Clube do Porto, Eduardo Oliveira (doutorado em desporto) trata da parte do treino fisiológico desde 2004 e o holandês Robert de Rooij tem sido desde 2007 o treinador que os acompanhou esta época em Montemor-o-Velho. O resto da selecção de remo, com resultados internacionais modestos, evolui sob a orientação de José Santos no Pocinho (Trás-os-Montes).

“Face aos nossos resultados, o projecto Pequim2008 do COP dá-nos 750 euros. Quem nos treina também tem direito à verba, mas nenhum dos nossos treinadores alguma vez viu um euro sequer. O processo é dirigido via federação e só eles sabem quem está a receber”, prosseguiu Mendes.

A este propósito, José Santos diz ter a “ideia” de que algum dos treinadores da dupla teria recebido a verba, mas admitiu desconhecer o assunto na especificidade.

Pedro Fraga recorda ainda que toda esta situação é “pública, mas pouco mediatizada”: “A federação teve esta atitude lamentável connosco, mas, com o nosso apuramento, é ela quem está a beneficiar de tudo”.

Apesar de tudo, a dupla elogia a forma como o trio se está a comportar em Pequim - “não há conflitos, a relação pessoal tem sido óptima” - e revelou que o próprio chefe de Missão de Portugal, Manuel Boa de Jesus, teve uma reunião com a comitiva do remo.

“Disse-nos que tem conhecimento de tudo o que se passa. Tentou apaziguar uma possível hostilidade. Falou que agora estamos cá só os três e que não há volta a dar. Que o melhor será mesmo trabalhar da melhor forma para o bem de Portugal”, revelaram. José Santos destaca que nunca houve problemas de relacionamento entre si e os atletas, mas apenas distintas perspectivas quanto ao projecto do remo.

Pedro Fraga e Nuno Mendes concluíram: “Esquecemos o que se passou, a sua atitude (José Santos), mas nunca a postura da federação, que tem todas as responsabilidades na gestão da modalidade”. RBA. Lusa/Fim.

** Rui Barbosa Batista (texto) e André Kosters (foto), Agência Lusa **

4 comentários:

Paula Mota ✿ disse...

“nesta altura não faz sentido falar das divergências passadas” e que outro comentário poderia fazer o DTN?
Se não se tivessem cometido erros não teriam havido as tais “divergências”.
Agora é esperar que independentemente dos resultados da dupla, que eu espero sejam os melhores, os erros não se repitam no futuro.

Anónimo disse...

Tão contentessssss !!! ehehe

Anónimo disse...

Vocês estão bem! Pelo menos a fotografia transparece isso! Aproveitem tudo ao máximo! Vocês merecem tudo de bom!
Força e dia 10 façam 1 bom resultado!
Estamos todos ansiosos por isso! :)
Saudações

Anónimo disse...

Nesta altura do campeonato só resta seguir em frente e dar o vosso melhor.
Espero que que alguem leve uma bofetada com luva branca.
Força CAMPEÕES, nós estamos neste lado do mundo a torcer pelos vosso exitos.
Felicidades

U23  2x  Paulo Fidalgo João Dias